Bens materiais são aqueles valores adquiridos por alguém, e que, racionalmente, deveria se limitar às reais necessidades da sobrevivência e manutenção das condições de bom atendimento àqueles que estão sob sua responsabilidade material, mas, que na verdade, vão se tornando avaros, ambiciosos e desonestos, escravos da preocupação fundamental da maior parte da Humanidade, com vistas a possuir conforto, importância, status social e poder, sob a filosofia de que mais se vale pelo que se tem - ou que se aparenta ter - do que pelo que se é.
Francisco de Assis disse: "Cada um deve atender à sua própria natureza. Alguns de vós podem sustentar-se com poucos alimentos; outros, em troca, necessitam comer mais. Ninguém está obrigado a imitar os homens que comem pouco, mas, sim, todos devem dar ao corpo o que seja necessário para que sirva com diligência ao espírito. Do mesmo modo que devemos reprovar os excessivos manjares, tão perigosos para o corpo e para a alma, também devemos guardar-nos da demasiada abstinência."
Na Doutrina do Amanhecer, embora prevaleça a idéia de que ser é melhor do que ter, muitos ainda se deixam levar pela ambição e pela vaidade, esquecidos de que a generosidade, pela Lei de Causa e Efeito, é um fator da prosperidade. Torna-se urgente o entendimento de que deve libertar-se da convicção de que, nesta vida, só valem os aspectos que derivam do orgulho, da ostentação e da posse.
Devemos conviver e aceitar, cada um, nossa condição econômico-social, buscando equilibrar nossos gastos e evitar o endividamento, mas é claro que podemos pedir à Espiritualidade ajuda para obtermos nossa melhoria material, pois o mínimo de conforto é indispensável para a vida em nosso lar. Com trabalho garantindo nosso pão de cada dia, mantendo em dia nossas contas e pendências financeiras, temos paz interior e tranqüilidade, o que nos permite boas condições para trabalhar espiritualmente.
Vivemos uma época de dificuldades, desajustes sociais e desemprego, que geram mal-estar e inquietação. Por isso, temos que buscar o equilíbrio dos nossos gastos, tendo a preocupação de manter nosso trabalho material, dividindo com discernimento o que é material e o que é espiritual, lembrando dos compromissos conosco mesmos e daqueles que estão sob nosso teto, dependendo de nós.
Gastar sem esbanjar, saber dividir o que se tem em excesso, manter o essencial e evitar o supérfluo, jamais aceitar ações ilegais ou causar prejuízos a quem quer que seja, evitar a sonegação e nunca enganar pelo mau serviço ou pela falsa qualidade de produtos negociados é obrigação do Jaguar, esteja ele em qualquer posição, de patrão, de empregado ou de intermediário.
Como empregador, tem que se preocupar com a seriedade de sua gestão em benefício de seus empregados e de seu empreendimento, com a qualidade de seus produtos e serviços, com o progresso sustentado pela Justiça social.
Como empregado, deve procurar corresponder à confiança dos patrões, servindo com seriedade e bom humor, desempenhando com dedicação as tarefas que lhe forem cometidas, buscando sempre aprender a fazer de modo mais seguro e direto tudo o que lhe for confiado, por mais simples que pareça.
Em “Jesus e o Evangelho”, de Joana de Angelis, psicografado por Divaldo Franco,
(Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, BA – 2000) encontramos este trecho: ...o prazer gerado na insensatez, os ganhos desonestos, as posições de relevo que se fixam no padecimento de outras vidas, o triunfo que resulta de circunstâncias más para outrem, os tesouros acumulados sobre a miséria alheia, os sorrisos da embriaguez dos sentidos, o desperdício e abuso ante tanta miséria, constituem fatores propiciadores de dolorosos efeitos, portanto, são desgraças inimagináveis, que um dia ressurgirão em copioso pranto, em angústias acerbas, em solidão e deformidade de toda ordem, pela necessidade de expungir-se e reeducar-se no respeito às Leis soberanas da Vida e aos valores humanos desrespeitados.
Quem mantém uma casa cheia de luxo e de gastos com recepções, geralmente se acha muito importante e querido por tê-la sempre cheia de pessoas, as quais considera como amigos. Todavia, esquece-se de que as verdadeiras amizades são raras, e decorrem, sempre, da ligação afetiva que independe do poder e do dinheiro. O rico e poderoso tem amigos da sua posição, e não de si. Se um dia perder a fortuna e a posição, vai perder a convivência daqueles que se diziam seus amigos.
Assim, é necessário que se tenha noção exata dos valores materiais, administrá-los de forma produtiva, para que se consiga conciliar, com eles, muitas condições cármicas que foram escolhidas para o reajuste de débitos transcendentais.
Sabemos que não temos condições de carregar, no nosso desencarne, nossos bem materiais, mas podemos levar os benefícios que fizermos através deles, ajudando e aliviando a carga de irmãos que passavam necessidades básicas, praticando a caridade racional e bem dirigida.
Deus não condena ninguém por ser rico nem é contra a riqueza. O que Deus condena é o mau uso dos bens materiais, das fortunas.
O dinheiro e o poder não devem ser fins, mas, sim, instrumentos que a Espiritualidade nos concede para testar nossa capacidade de verdadeiros missionários.
Da mesma forma que é preciso saber ser pobre, é necessário saber ser rico. Cada um tem que saber avaliar e apreciar sua situação. Sob o aspecto espiritual, ninguém é tão pobre que não possa dar, nem tão rico que não precise receber!...
A perda ou prejuízos com bens materiais causam inevitável sofrimento ao Homem, mas o Jaguar tem que saber avaliar e cultivar o desapego das coisas materiais que não são essenciais à sua vida e à sua missão. Não sofre com suas perdas, pois entende que elas decorrem de situações espirituais que saberá um dia.
A ambição de possuir bens materiais é acompanhada pelo desejo de poder, e aquele que dá muito valor e sente prazer em ditar ordens, sentir-se poderoso pelo que possui neste plano físico, que quiser se impor aos que estão ao seu redor, desconhecendo os sentimentos e a liberdade que cada um tem, estarão ficando escravos desses bens materiais, e muito sofrerão, após o desencarne, para se libertarem desses sentimentos de apego. O apego desaparece quando nossa mente desperta para o valor real das coisas, liquidando a fascinação de nossas fantasias e nos dando a certeza de que não precisamos de nada para provar a importância de nossa vida.
Segundo Deepak Chopra, "Não desista da intenção e do desejo. Abandona, apenas, o apego aos resultados... as pessoas buscam segurança... é, na verdade, apego ao conhecido... estará no campo de todas as possibilidades!"
Como ensinou Emmanuel, "não tens aquilo que possuis, tens aquilo que dás..."
No Evangelho de Lucas (XII, 16 a 21) encontramos a parábola: "As terras de um homem rico tinham produzido em abundância. E ele falava consigo: Que hei de fazer, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: derrubarei os meus celeiros e vou edificar outros, maiores, e neles guardarei toda a colheita e os meus bens, e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; assim, pois, descansa, come, bebe, regala-te... Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si guarda tesouros, e não é rico para com Deus!"
É uma clara lição para aqueles que dão o maior valor aos bens materiais, tornando-se escravos do dinheiro e da ambição de ter poder, sem apiedar-se dos que sofrem e se extinguem na miséria, na falta de comida e no desamor.
Arthur Azevedo, em psicografia através de Dolores Bacelar, transmitiu o que lhe ensinou um Mentor: “O Homem não é senhor de nenhum bem material; os bens pertencem à Terra. São confiados por algum tempo a alguém, como instrumento de elevação espiritual. Esse alguém deve provar ao Mestre que pode usá-los sem prejuízo para a própria alma, certo de que eles lhe passam pelas mãos apenas momentaneamente, como nos laboratórios as retortas e os tubos de ensaio. Os bens são instrumentos empregados e necessários nos laboratórios evolutivos da Terra. O Homem tem que se exercitar e usá-los somente para o bem da coletividade humana, não por prazer próprio. E quando o Senhor quer premiar o merecimento de um de Seus filhos, não o faz com coisas tão frágeis como as terrenas. Ele oferta, a quem merece, os tesouros do Céu!”
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