Dentro de nossa vida temos que tomar decisões que são resultantes de diversos raciocínios simples que surgem em face das vantagens e desvantagens daquela determinada situação, por nós avaliada, e tornam sua forma de acordo com sua adequação à nossa realidade e às formas legais a que estamos sujeitos. Isso se constitui na forma mais simples de julgamento.
A mais complicada é a que normalmente se faz entre os Homens, quando se julgam atos e pensamentos, sem atentarmos para toda a complicada rede vibracional que envolve cada um de nós, de forças transcendentais e cobranças que levam o Homem a agir e a reagir de formas diferentes diante de uma mesma situação, sendo ainda, importante, considerar as ações de obsessores que levam suas vítimas ao cometimento de erros e situações terríveis, independentemente da vontade delas.
Quando tivermos que avaliar alguém ou alguma situação, não nos deixemos levar pelas aparências, pela precipitação e nem pela impiedade, e vamos evitar fazê-lo quando estivermos sob a ação de cargas negativas de raiva, mágoa ou tristeza.
Temos que nos colocar à parte de nossas avaliações, sem querer tirar proveito próprio de qualquer decisão, que deverá ser norteada pela caridade, pela bondade e pela compaixão.
Com base na razão, temos que admitir nossa impotência perante fatos surpreendentes com que nos deparamos e não há como entendê-los e, portanto, nem serem avaliados, uma vez que são envolvidos pelas vibrações de cobradores sutis e terríveis que estão gerando vibrações tempestuosas que alteram a nossa própria sensibilidade e equilíbrio.
Os árabes, em sua sabedoria milenar, pedem a Alah que não permita que julgue seu próximo sem andar sete dias em suas sandálias. Isso mostra como é impossível julgar nosso próximo, porque não temos como efetivamente avaliar tudo que está envolvido numa determinada situação, seja no aspecto espiritual, moral ou psico-mental, sem fazer a projeção do nosso próprio íntimo, de nossa escala de valores, de nossas imperfeições.
Existe grande número de pessoas que se tornam justiceiras, revestindo-se de ares puritanos e falsos conhecimentos, julgando duramente o próximo, apenas porque estão projetando nele suas próprias imperfeições, das quais não conseguem se libertar.
Na nossa Doutrina do Amanhecer aprendemos que não nos é permitido julgar, nem sequer criticar os atos praticados por outros, pois tudo está de conformidade com a evolução daquele espírito.
Passamos a conhecer melhor nossos irmãos, espíritos que estão acomodados mental e moralmente, e incapazes de evoluírem pelo conhecimento e pelo trabalho na Lei do Auxílio, mergulham nas críticas e julgamentos daqueles que se propõem a cumprir suas missões.
Querem punir nos outros os erros que sabem ser seus, desejando destruir aquela própria imagem projetada, que odeia e não tem força para reagir.
Quem poderá dizer qual a natureza das milhares de ações praticadas pelo Homem comum em seu cotidiano? Não há como fazê-lo sem incorrer em graves erros, que podem causar um mal maior do que a própria ação praticada, agindo com forças que se contrapõem aos princípios da ética e da justiça.
Nos Evangelhos, vamos encontrar em João (III, 16 a 21): “Porquanto Deus amou tanto o mundo, que lhe deu seu Filho Unigênito, para que todo o que crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna. Nem Deus enviou seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não será condenado; mas o que não crê já está condenado, porque não crê no nome do Filho Unigênito de Deus. E esta é a causa da sua condenação: a Luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a Luz, porque eram más as suas obras. Mas aquele que pratica a verdade chega-se à Luz para que as suas obras sejam conhecidas, porque são feitas em Deus.” E João (12, 44 a 48) nos fala mais de julgamento: “Jesus bradou e disse em alta voz: Quem crê em mim, não crê em mim, mas naquele que me enviou, e quem me vê a mim, vê aquele que me enviou. Eu, que sou a Luz, vim ao mundo para que todo aquele que crê em mim não fique nas Trevas. E se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, não será julgado por mim, porque não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, já tem o seu juízo. Esta mesma palavra que eu lhe anunciei há de julgá-lo no último dia!”
Torna-se, porém, clara a idéia de que existem fatos que independem do julgamento: atos praticados por pessoas que se enquadram no que nos é dito por Mateus (7, 16 a 20), sobre como Jesus ensinou a reconhecermos e nos protegermos dos falsos profetas: “Pelos seus frutos os conhecereis. Porventura o Homem colhe frutas de espinhos ou figos de abrolhos? Assim, toda a árvore boa dá bons frutos e a árvore má dá maus frutos. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar bons frutos. Toda árvore que não dá bons frutos será cortada e metida no fogo. Assim, pois, pelos frutos deles conhecê-los-eis.” Isso já nos ajuda em casos que temos que reconhecer as pessoas por seus atos, isentos de julgamento mas entendendo seu significado, isto é, se são bons ou se são maus. Mateus (12, 33 a 35) relata a passagem em que Jesus reforça essa idéia: “Ou dizei que a árvore é boa e seu fruto é bom, ou dizei que é má e seu fruto é mau; porque é pelo fruto que se conhece a árvore. Raça de víboras, como podereis falar coisas boas sendo maus? Pois a boca fala da abundância do coração. O homem bom do bom tesouro tira coisas boas; mas o homem mau, do mau tesouro tira más coisas”.
Vemos pessoas que se comprazem em fazer o mal, em viver à margem da conduta doutrinária, praticando atos que não precisam de qualquer julgamento para serem considerados maléficos, afrontando a própria Doutrina com desrespeito às leis e aos ensinamentos de Koatay 108.
Esses os maus frutos que definem a árvore má, sem preconceitos e sem julgamento! Maus frutos como boatos e fofocas, tão comuns entre os Jaguares, fogo devastador que rapidamente gera perdas morais, espirituais, sociais e financeiras, um péssimo hábito alimentado pelo Vale das Sombras.
Nos Provérbios encontramos: “Melhor é o pouco havendo justiça do que os grandes rendimentos com injustiça” (16,8); “O que segue a justiça e a bondade achará a vida, a justiça e a honra” (21, 21); “Muitos buscam o favor do que governa, mas para o Homem a justiça vem do Senhor!” (29,26).
O Trabalho de Julgamento
Após a abertura do trabalho, com as respectivas emissões e cantos, começa a emissão de mantras e as Ciganas Aganaras e Taganas conduzem os prisioneiros e prisioneiras para se apresentarem às entidades incorporadas na Divina Corte. Os Mestres Aganaros controlam a entrada de prisioneiros na Via Sagrada, que aguardam, na Chama da Vida, as ciganas que irão conduzi-los aos Pretos Velhos.
Neste confronto com as vítimas do passado, que podem ou não incorporar pela permissão do Preto Velho, é importante que os prisioneiros atentem para a importância da ocasião, buscando falar e se reajustar com seus cobradores incorporados, só seguindo após a liberação pelo Preto Velho.
Após liberação, o prisioneiro ou a prisioneira é conduzido até Pai João de Enoque, de quem recebem a bênção do algodão com perfume e a confirmação da sua libertação. Os mestres, após passarem por Pai João de Enoque, passam pela representante da Condessa de Nathanrry, fazem a reverência, e saem, retirando a ataca e a entregando ao Aganaro. As ninfas, após liberadas por Pai João de Enoque, fazem a reverência à regente da Condessa e, saindo pela esquerda, fazem reverência à representante de Koatay 108, e saem à direita dos projetores, retirando os exês. Mestres e ninfas entram no Templo, e vão até o Pai Seta Branca, agradecendo por tudo que lhe foi concedido.
Não devem os livros ser colocados no Templo, e nem os exês. Estes podem ser usados em outras prisões e os livros guardados na residência do médium, porque Koatay 108 sempre ensinou que eles ficam impregnados com grande carga curativa, que poderá ser usada em benefício do médium que tiver alguma dificuldade.
Encerramento do Trabalho de Julgamento
Após a passagem do último prisioneiro ou prisioneira, pode o Dirigente autorizar aos Mestres Aganaros e às Ciganas Aganaras e Taganas a passagem pela Corte Divina, para receber a bênção dos Pretos Velhos.
Os Mestres Promotor e Defensor pedem a bênção de Pai João de Enoque, se apresentando por último o Dirigente, que pergunta se está tudo em ordem e se há alguma mensagem que o Pai João de Enoque queira emitir. Em fev/2005, o Trino Sumanã pediu que não mais fosse utilizado o microfone para transmitir a mensagem de Pai João.
O Dirigente retorna ao seu posto, e agradece aos Pretos Velhos, pedindo que desincorporem. O Pai João e Enoque é o último a desincorporar. Todos desincorporados, o Dirigente pede que as Ninfas Sol promovam o Passe Magnético nos Ajanãs.
Finalizando, o Dirigente pede que todos emitam o mantra Noite de Paz e faz a Chave de Encerramento completa.
“Veja: na maioria reclamamos, sentindo-nos injustiçados, sem lembrarmos de fazer um exame de consciência para ver se não estamos fazendo alguma injustiça.
Saiba que o maior desajuste é o julgamento.
A preocupação de estar sendo vibrado acaba por vibrar no outro, que nada tendo contra, se isenta, voltando tudo contra ti mesmo.
Quantas vezes eu consulto pessoas que me afirmam estarem sendo vibradas. No entanto, elas mesmas captam “más influências” porque, sem qualquer análise, vão se jogando contra os que se dizem ser seus inimigos.”
(Tia Neiva, Carta Aberta n. 5, 21.10.81)
Fonte: Tumarã
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