Na Doutrina do Amanhecer não se proíbe o fumo... Mas por quê?
Inegavelmente o fumo é altamente prejudicial para a saúde humana tendo conseqüências desastrosas para o corpo físico. Além de ser malcheiroso, incomodar aos não fumantes e “estar fora de moda”.
Costuma-se justificar que Tia Neiva não teria proibido o fumo por ser fumante. Está é a mais triste justificava que se pode ouvir, sendo somente proferida para justificar aqueles que ainda não compreendem a necessidade de ir eliminando gradativamente todos os vícios terrenos.
Quando Tia Neiva foi iniciar sua missão, pediu ao Pai Seta Branca que pudesse manter sua personalidade, que não precisasse tornar-se uma “monja”. O Pai, permitiu que pudesse continuar senhora de todas suas decisões, e responsável por todas as atitudes de seu livre arbítrio, permissão que se estende a todos nós. O fumo não altera sua consciência, sua capacidade de decisão e a avaliação de situações não é modificada, desta forma fica relegado ao livre arbítrio de cada um, decidir como se conduzir.
Obviamente, qualquer atitude nossa que diminua nossa saúde e possa provocar uma enfermidade física, terá um custo.
Nossa obrigação é sempre alertar para os males provocados pelo tabagismo e suas funestas conseqüências, mas não podemos proibir ou interferir nas decisões de cada um. O único pré-requisito que pesa como “Lei” e que restringe alguma liberdade, em nossa Doutrina, é a “proibição” do uso de álcool e demais drogas entorpecentes, por motivos claramente técnicos. Recomendando que se deixe estes hábitos antes de ingressar na Doutrina. Em relação ao fumo, embora nossa missão seja alertar, não podemos tecnicamente impedir o desenvolvimento de um médium que ainda não se libertou deste vício.
Tia Neiva considerava proibido proibir... O livre arbítrio, sagrada lei de evolução, deve ser respeitado! Tia manteve o hábito de fumar mesmo quando seu quadro médico recomendava o contrário. Sua deficiência respiratória foi inclusive agravada pelo fumo. Foi sua decisão pessoal como Neiva, como ser humano encarnado e dotado de livre arbítrio. Não podemos precisar quais prejuízos passou por esta decisão, mas todos somos responsáveis por nossos atos, palavras e pensamentos. Ela acabou por demonstrar o quê fisicamente pode ser agravado pelo fumo.
Desta forma, a Lei se mantém, o fumo não é proibido, e cabe a nós avaliar se já estamos prontos para nos libertar deste hábito desagradável.
Certa vez Chico Xavier foi inquirido especificamente sobre o “fumo e mediunidade”, e respondeu que os Mentores avisavam que o fumo seria dos menores vícios da personalidade humana, que o “hábito de cultivar pensamentos infelizes” seria uma condição muito pior que o fumo.
Vejamos suas respostas na íntegra:
Muitos candidatos à mediunidade nos aparecem, confessando, no entanto, sua predileção pelo vício de fumar. Que fazer nestes casos?
Chico - Ponderam os Mentores da Vida Maior que o vício da utilização do fumo cotidianamente é considerado dos menores vícios da personalidade humana. Não obstante, qualquer candidato à mediunidade cristã deverá esforçar-se diariamente por superar suas próprias inibições, consciente de que o quadro de serviços redentores a que se candidata exigir-lhe-á renúncias e abnegações incessantes em favor do próximo. Dentro deste particular é que os Amigos Espirituais nos dizem que, principalmente nas tarefas de auxílio desobsessivo e nas tarefas de alívio aos doentes, é totalmente desaconselhável o hábito de fumar. Assim, sendo, os médiuns psicofônicos, os passistas e os de efeitos físicos fazem muito bem quando abandonam o cigarro.
A ação negativa do cigarro sobre o perispírito do fumante prossegue após a morte do corpo físico? Até quando?
Chico - O problema da dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos nos tecidos sutis do corpo espiritual ceda lugar à normalidade do perispírito, o que, na maioria das vezes, tem a duração do tempo correspondente ao tempo em que o hábito perdurou na existência física do fumante.
Quando a vontade do interessado não está suficientemente desenvolvida para arredar de si o costume inconveniente, o tratamento dele, no Mundo Espiritual, ainda exige cotas diárias de sucedâneos dos cigarros comuns, com ingredientes análogos aos dos cigarros terrestres, cuja administração ao paciente diminui gradativamente, até que ele consiga viver sem qualquer dependência do fumo.
Se o fumante não abandonar o cigarro durante o transcurso da Vida Física terá de faze-lo inarredavelmente, na Esfera Espiritual? E quanto tempo exigirá tais tratamentos antibágicos para fumantes desencarnados? Na Vida Extrafísica também ocorrem reincidências ou recaídas dos dependentes do fumo?
Chico - Justo esclarecer que não apenas quanto ao fumo, mas igualmente quanto a outros hábitos prejudiciais, somos compelidos na Espiritualidade a esquece-los, se nos propomos seguir para diante, no capítulo da própria sublimação.
O tratamento da Vida Maior para que nos desvencilhemos de costumes nocivos perdura pelo tempo em que nossa vontade não se mostre tão ativa e decidida quanto necessária para a libertação precisa, de vez que nos Planos Extrafísicos, nas vizinhanças da Terra propriamente dita, as reincidências ocorrem com irmãos numerosos que ainda se acomodam com a indecisão e a insegurança.
Pesquisas médicas revelam que a dependência física dos fumantes costuma ser mais compulsiva que a dependência orgânica dos viciados em narcóticos. Isto é certo se o enfoque for do Plano Espiritual para o Plano Físico?
Chico - Acreditamos que ambos os tipos de dependência se equiparam na feição compulsiva com que se apresentam, cabendo-nos uma observação: é que o fumo prejudica, de modo especial, apenas ao seu consumidor, enquanto os narcóticos de variada natureza são suscetíveis de induzir seus usuários a perigosas alucinações que, por vezes, lhes situam a mente em graves delitos, comprometendo a vida comunitária.
Você considera o hábito de fumar um suicídio em câmara lenta? Por que?
Chico - Creio que o hábito de fumar não pode ser definido por suicídio conscientemente considerado. Será um prejuízo que o fumante causa a si mesmo, sem a intenção de se destruir, mas prejuízo que se deve estudar com esclarecimento, sem condenação, para que a pessoa se conscientize quanto às conseqüências do fumo, no campo da vida, de maneira a fazer as suas próprias opções.
Você teria alcançado condições de desempenho de seu mandato mediúnico, ao longo de mais de meio século de trabalho incessante, se fosse um dependente de nicotina?
Chico - Creio que não, com referência ao tempo de trabalho, de vez que a ingestão de nicotina agravaria as doenças de que sou portador, mas não quanto a supostas qualidades espirituais para o mandato referido, de vez que considero o “hábito de cultivar pensamentos infelizes” uma condição pior que o uso ou abuso da nicotina e, sinceramente, do “hábito de cultivar pensamentos infelizes” ainda não me livrei.
(Trecho de entrevista extraído da Revista “Planeta” – ano de 1991) - Chico Xavier/Emmanuel - Entrevista com Fernando Worm.
Fonte: O Exílio do Jaguar
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