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O Templo Puemar do Amanhecer de Pirenópolis - GOIÁS, BRASIL, está de portas abertas, todas as Quartas e Domingos a partir das 19:00hs, para atendimento de pacientes, que precisam de ajuda, dentro do seu merecimento, na humildade e no amor, pela Lei de Nosso Senhor Jesus Cristo - - Lei do Auxílio e da Caridade -- para a cura espiritual. Com a graça de Deus Pai Todo Poderoso, de Pai Seta Branca e do Nosso Ministro Puemar você é, e sempre será bem vindo(a) ao nosso templo

A doutrina do Amanhecer não tem “desenvolvimento a distância” ou “desenvolvimento on line”. Os conhecimentos e técnicas mediúnicas devem ser adquiridos gradativamente conforme a trajetória de cada médium em seu desenvolvimento dentro dos Templos. A pretensão deste blog é apenas disponibilizar aos mestres e ninfas, o acervo doutrinário,  com mais facilidade.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Fazenda Três Coqueiros

FAZENDA TRÊS COQUEIROS


“Havia, nas imediações de Angical, a Fazenda Três Coqueiros, uma enorme fazenda dos Pereiras, na época, pertencente a Alfredo e Márcia, recém-casados, que a receberam como herança.
 
Havia uma cachoeira limitando a Fazenda Três Coqueiros com a fazenda dos Ferreiras, nobre e rica família, porém gananciosa, com cada membro querendo ser o mais rico, o maior, pois a vaidade e o orgulho eram as suas características.


Naquela região, perto dos Ferreiras, havia inúmeras fazendas, grandes e pequenas, pertencentes a famílias que eram aliadas aos Ferreiras e participavam das mesmas idéias, cheias de maldade e ódio, pois a cobiça e a inveja faziam com que eles só pensassem em fazer o mal àqueles daquela bela Fazenda Três Coqueiros.


Eram rixas transcendentais. Os Ferreiras e seus aliados sustentavam o ódio arraigado em seus corações. Estas duas famílias estavam sempre em choques e os aliados faziam trincheiras e tocaias, provocando mortes e destruições. Porém, as mortes eram só dos escravos (como diziam eles, escravos eram pagãos e não mereciam bons tratos; eram comprados como um animal qualquer!).
 
Certo dia, Márcia saiu a passear a cavalo, e foi até a cachoeira, ficando admirada com a beleza daquele lugar, daquela linda cachoeira.


Sim, aquela era a antiga Cachoeira do Jaguar, de Pai Zé Pedro, de Pai João e das Princesas! Sabia-se que ali existira um fenômeno, há cem anos.

Márcia era uma médium de grande percepção. Parou e, deslumbrada, disse:

- É verdade!... Aqui existiu um grande fenômeno envolvendo alguns escravos!

Nisso, Valdemar Ferreira chegou e, abraçando a sinhazinha pelas costas, disse:

- Aqui houve um grande fenômeno, dizem os antigos, de Pretos Velhos forasteiros...

Imediatamente Márcia se lembrou de que Valdemar Ferreira era o mais triste dos inimigos de seu marido e, também, lembrou que seu esposo lhe havia dito que ela jamais pisasse naquele local.

Livrando-se de Valdemar, ela saiu correndo. Mas o destino pregou-lhe uma peça: um pequeno escravo dos Ferreira viu Márcia ali com Valdemar e foi contar tudo a Alfredo.

Márcia já esperava um filho de Alfredo.

Todos os escravos de Valdemar odiavam a Fazenda Três Coqueiros, cheios de inveja, porque a vida dos escravos de Alfredo era boa, levando uma vida normal. Até mesmo os feitores de Alfredo eram bem tratados e eram bons com os escravos, o que não acontecia com o povo dos Ferreiras.

Certo dia, o filho de Zefa - da Fazenda Três Coqueiros - começou a namorar uma crioula, escrava dos Ferreiras. Os escravos dos Ferreiras se revoltaram contra o filho de Zefa, esfaqueando-o, e o colocaram, semimorto, à porta de Alfredo, deixando um bilhete em que diziam que não queriam aquele cachorro por lá e, mais, que quando o filho de Márcia nascesse fosse mandado para Valdemar.

Márcia, cansada e cheia de dores por causa da gravidez já adiantada, ouvindo os gritos de Zefa, correu ao encontro da velha escrava.

É que Alfredo encontrara o rapaz esfaqueado e lera o bilhete. Cheio de ira, mandou que jogassem o rapaz no pasto, longe da Casa Grande. Mãe Zefa havia encontrado o filho e gritava por Márcia, para que ela ajudasse o rapaz.

Márcia, mesmo cheia de dores, foi ajudar Zefa, saindo com Pai Zé Pedro para buscar o pobre escravo que havia passado a noite no relento, com urubus já sobrevoando seu corpo. A bondosa sinhazinha mandou que levassem o rapaz para dentro de casa e, então, houve um caso de desintegração: Márcia passou com o ferido perto de Alfredo e este não os viu!

Assim que Alfredo encontrou Márcia mandou-a, sem explicações, para a senzala e mandou erguer um grande cercado para mantê-la prisioneira ali.

Mandou que Mãe Tildes cuidasse dela. Mãe Tildes era confidente e grande amiga de Márcia.

Alfredo comunicou que tão logo o filho de Márcia nascesse ele o mandaria para Valdemar.

Márcia cativou todos aqueles escravos com seu amor e dedicação. Quando Zé Pedro, o velho nagô, chegou para falar com Márcia, esta perguntou:

- Quem é este homem?

- É um velho nagô - respondeu Mãe Tildes - que recebe espíritos no lombo!...

- Não, sinhazinha, não precisa ter medo! - disse Pai Zé Pedro se chegando, e se virando para Mãe Tildes, deu um muxoxo: - Linguaruda! Conversa demais!...

Márcia sentiu que o velho nagô tinha uma força do Céu e se afinou com ele.

Numa manhã, quando o Sol já brilhava, encantando com seus raios toda a beleza daquela fazenda, eis que Márcia começou a passar mal e, mais tarde, a criança nasceu.

Foi grande o reboliço, e os Pretos Velhos se mobilizaram. Mãe Tildes pegou a criança, enrolou-a numa coberta e a levou para Mãe Zefa, lá no meio do cafezal, dizendo:

- Vai, Zefa! Leva este menino porque Alfredo vai matá-lo!

Zefa saiu correndo com o bebê e o levou para a casa dos Ferreiras, onde, sem saberem o que estava acontecendo, entregou o menino à sinhazinha Emerenciana, mãe de Valdemar, que prometeu jamais revelar que aquela criança era filha de Alfredo. Era o grande segredo entre Mãe Zefa e Emerenciana.

Zefa foi embora, e nunca mais se teve notícias dela.

Quando Mãe Tildes voltou do cafezal, levou um susto: Márcia havia ganho mais outra criança, uma linda menina! Tinham nascido gêmeos!

Mãe Tildes começou a chamar a menina de Marcinha.

Vendo a dor tão grande de Márcia, Alfredo acreditou em sua inocência e a perdoou, mas Márcia não quis voltar à Casa Grande.

Tanto Alfredo como Márcia não sabiam que haviam nascido duas crianças. Conheciam apenas aquela menina. Alfredo, até seu desencarne, pensava só ter nascido a menina. 

Certo dia, um crioulo apareceu para dar satisfações onde estava o menino. Mãe Tildes sofria, sem saber se devia revelar o segredo a Márcia. Foi consultar o nagô, e este lhe disse para jamais revelar a verdade. Fora um erro ela querer assumir a dívida de Márcia. Por outro lado, Mãe Tildes desconfiava de Márcia, ao ver o menino que se parecia demais com Valdemar.

O nagô pediu que Márcia voltasse para a Casa Grande, porque seu marido estava caminhando para a loucura e teria um fim muito triste. Márcia saiu dali com o coração apertado, sabendo que Alfredo não tinha condições de continuar a viver daquele modo.

O tempo passou ligeiro e Alfredo morreu louco. Márcia se enclausurou naquela casa. Marcinha, já mocinha, começou a namorar o filho de Valdemar!

Quando o rapaz entrou, pela primeira vez, na Casa Grande da Fazenda Três Coqueiros, Mãe Tildes foi correndo até Pai Zé Pedro e lhe disse que estava perdida, pois tinha cortado o carma de Márcia e, agora, Marcinha iria se casar com o próprio irmão!

Nisso, a porta se abriu e Marcinha, feliz, abraçou Pai Zé Pedro e Mãe Tildes, dizendo-lhes que iria se casar.

- Ele quer se casar comigo! O coronel Valdemar tem dois filhos, sabem? O mais novo tem dois dedos emendados, um pregado no outro. Mas este não! É perfeito, e não se parece nada com o outro...

Depois que Marcinha saiu, Pai Zé Pedro falou:

- Não lhe disse, Mãe Tildes, que a grandeza de Deus não tem limites? Este não é o filho de Márcia...

E Mãe Tildes perdeu a voz até que Marcinha se casou com aquele rapaz!

No dia do casamento de Marcinha, foi promulgada a Lei Áurea, a abolição da escravidão. Foi uma terrível confusão. Tiros... Brigas... Amália, esposa de Valdemar, morreu.

Márcia não soube a verdade sobre seus filhos até o dia em que Emerenciana, já para morrer, a revelou: Jacó era seu filho! Tinha dois dedos emendados, que comprovavam ser ele filho de Alfredo, que tinha o mesmo defeito.

Márcia, prestes a desencarnar, abraçou seu filho Jacó, cheia de emoção.

Mãe Tildes, já um espírito evoluído, teve que pagar esta pena, por ter reparado um carma indevidamente. É o que acontece com quem corta ou interfere nos destinos dos outros!...

O pessoal dos Ferreiras lançou-se contra a Fazenda Três Coqueiros. Foi uma grande mortandade. Iluminados pela força de Deus, Mãe Tildes, Pai Zé Pedro e duas crioulas - Uraí e Urail - fugiram para uma outra fazenda cafeeira.

Marcinha fugiu, levando consigo seu irmão Jacó. No dia seguinte, uma volante - polícia baiana - chegou à Fazenda Três Coqueiros, onde muitos cadáveres exalavam terrível mal cheiro, e, com muita dificuldade, impôs a ordem.

Na fazenda dos Ferreiras, ninguém triscava a mão! Vieram, de longe, velhos coronéis e sinhorzinhos. Os pais de Alfredo e os de Márcia quiseram levar consigo os netos Marcinha e Jacó. Estes, porém, não quiseram ir.

Todos os que passavam por ali comentavam a triste tragédia daquele povo, povo este composto por espíritos espartanos, vindo de nossa origem e que, aqui, não suportaram as velhas rixas.

Alguns dos Ferreiras que fugiram, continuaram a se entrincheirar para novas tragédias. Mãe Tildes e Pai Zé Pedro fugiram para o Angical.

É só o que posso dizer, pois aqui estão os malvados que precipitaram esta tragédia! Ainda faltam alguns componentes desta história. Não posso, neste instante, avaliar quais dos senhores e senhoras foram Ferreiras ou quais foram Pereiras... Salve Deus! Só Deus, neste instante, poderá avaliar quem foram...”  (Tia Neiva)  

Obs.: Em suas anotações biográficas, Tia Neiva informou que Carmem Lúcia, sua filha, era a reencarnação de Marcinha.

Fonte: Tumarã

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