OS ÁRABES
A linha Árabe se manteve, até o ano 600, em constantes conflitos e dividida por tribos de nômades guerreiros, percorrendo as imensas regiões áridas, só tendo água e solo fértil ao sul da península Ibérica.
Dividiram-se em dois grandes grupos: os do Norte, com pequenos grupos se deslocando em busca das escassas pastagens para rebanhos de carneiros e cabras, com o comando dos sheikhs (“o mais velho”) em cada tribo, e os do Sul, que construíram cidades e se dedicavam á agricultura e ao comércio, liderados por reis, que herdavam o poder.
Por conta de lutas pelo poder, o Sul se desagregou em vários reinos, o que, aliado à fragmentação do povo nortista, gerou inúmeras dificuldades para toda a região. Em 571, em Meca, na tribo Quraish, nasceu Maomet (“Cheio de Glória”). Meca já era uma pequena cidade que começava a crescer como centro comercial e religioso, pois ali se encontra a Caaba (“Cubo”), santuário de um meteorito negro que detêm o poder de muitos deuses, objeto de devoção visitado pelos árabes do Norte e do Sul.
Rebelando-se contra essa crença, Maomet – influenciado por mercadores judeus e cristãos – lançou a idéia do Deus Único, Alah, que lhe falara diretamente, instruindo a nova religião – o Corão - e o proclamando seu maior profeta. Casado com uma rica viúva, Maomet não precisou trabalhar, podendo se dedicar à nova religião a que deu o nome de Islã (“Submissão), pregando a obediência plena à vontade do Deus criador onipotente do Universo, que, no dia do Juízo Final, fará a separação dos muçulmanos obedientes – elevados ao Paraíso para gozar a vida eterna – e os descrentes, que serão lançados ao Inferno pela eternidade. Os muçulmanos têm a obrigação de afirmar que há um só Deus – Alah – e que Maomet é o seu profeta; devem rezar, voltados para Meca, cinco vezes por dia; devem ser caridosos; jejuar por um mês, uma vez por ano; seguir os ensinamentos morais do Corão; e ir, pelo menos uma vez na vida, a Meca.
O Islamismo atraiu os árabes por sua simplicidade, o que o Catolicismo não conseguira, por ser uma doutrina complexa, exigindo sacerdotes e rituais. Agredido em Meca pelos mercadores que temiam perder o fluxo de peregrinos, em 622, Maomet foi para o Norte, chegando a Medina, com 200 seguidores, fato que ficou marcado como a Hégira (“emigração”), o primeiro ano do calendário islâmico. Em Medina, Maomet foi acolhido como chefe religioso e político. Organizou um exército e começou o ataque das caravanas iam a Meca e de lá partiam, acabando por tomar a cidade, em 630.
Os chefes das tribos do Norte e do Sul ficaram impressionados com Maomet, e enviaram delegações a Meca, reconhecendo sua liderança. O profeta de Alah conseguira, pela primeira vez na História, a união do povo árabe. Com a morte de Maomet, muitas tribos acharam que estavam livres de seus compromissos com o Islão, e a divisão começou.
Todavia, o sogro de Maomet, Abu Becre, enviou tropas muçulmanas a todas as regiões onde haviam rebelados, e ano e meio depois, toda a península Arábica estava sob as leis do Islão. Levados pelo estímulo religioso, deixado por Maomet, de converter os pagãos, e pela ambição dos saques às regiões fronteiriças, mais ricas, a onda muçulmana invadiu, com imenso poder de destruição, as regiões de Bizâncio e da Pérsia, que, além do desgaste causado por lutas e revoluções contra elevados impostos, estavam divididas pela rivalidade entre três igrejas cristãs. Mais uma vez, por sua simplicidade frente à religião Cristã, o Islamismo conquistou aqueles povos.
Os árabes assimilaram rapidamente as táticas de combate de bizantinos e persas, reorganizando seus exércitos e formando uma esquadra com galés de combate em estilo bizantino. Para o oeste, a expansão muçulmana passou pelo Egito e se estendeu por toda a costa do Mediterrâneo, chegando ao Marrocos, no Atlântico. Tomou as ilhas mediterrâneas de Chipre, Creta, Sicília e Sardenha, e, cruzando Gibraltar, tomou o reino dos Visigodos, na península Ibérica (atuais Espanha e Portugal), levando o Islão ao domínio, cem anos após a morte de Maomet, de uma área maior do que a do Império Romano, quando no auge de seu poder.
O governo era centralizado em Medina, com um califa como comandante supremo, chefe religioso e juiz da mais elevada instância, que nomeava generais para governarem as províncias conquistadas, onde o povo se dividia em “mawalis” – não-árabes convertidos ao Islamismo -; “dhimmis” – adeptos de religiões toleradas pelo Islão; e os escravos.
Com o tempo, os generais passaram a criar seus próprios reinos, e o império Islâmico começou a se esfacelar, restando, porém, os grandes elos representados pela fé islâmica, pela língua árabe e pela necessidade do comércio. Os árabes, pela busca de novas mercadorias, se movimentaram por toda a África, sendo por eles conduzida a captura de escravos negros, principalmente das culturas sudanesas (iorubas, jejes, fanti e achanti), sudanesas islâmicas (hauçás, tapas, mandingas e fulás) e bantos (angolas, congos e moçambiques), que eram vendidos à Europa, principalmente a Portugal e à Espanha, para o trabalho na América. E foi esse movimento que propiciou a transferência, para o Brasil, da nossa raiz Africana.
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