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A doutrina do Amanhecer não tem “desenvolvimento a distância” ou “desenvolvimento on line”. Os conhecimentos e técnicas mediúnicas devem ser adquiridos gradativamente conforme a trajetória de cada médium em seu desenvolvimento dentro dos Templos. A pretensão deste blog é apenas disponibilizar aos mestres e ninfas, o acervo doutrinário,  com mais facilidade.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O que é o Vale do Amanhecer - parte 7

O Vale do Amanhecer Pós Descobrimento do Brasil


Pouco depois do descobrimento, já começaram a vir os primeiros escravos para a lavoura de cana de açúcar. Esse comércio durou até 1888.

Para a História, a escravidão ficou registrada como apenas um episódio, às vezes chamado de “mancha negra da História do Brasil” ou como resultante dos fatos econômicos da época.

Para o plano espiritual, a escravidão foi, na realidade, o movimento redentor, a grande prova dos espíritos missionários, dos individados, dos orgulhosos, pois tinha o mais profundo sentido iniciático: a morte, a eliminação da personalidade, com isso obrigando a emersão da individualidade. Como no teatro, em que, às vezes, o artista sobrepõe-se ao personagem, certo número de escravos lançou as bases da etapa final da Escola do Caminho, criando raízes na religiosidade brasileira.

Dentre esses escravos estavam um sem número de Jaguares que, por sua vez, haviam sido Equitumans e Tumuchys. Dois velhos líderes se destacaram, dois espíritos excelsos que, na qualidade de missionários, se submeteram à difícil prova, duas individualidades que representaram os personagens Pai Zé Pedro e Pai João. Nos 372 anos que durou a escravidão no Brasil, eles foram escravos em duas encarnações.

A escravidão tinha o mais profundo sentido iniciático: a morte, a eliminação da PERSONALIDADE e o conseqüente nascimento, ainda na Terra, da INDIVIDUALIDADE. A pessoa humana perdia sua identidade ao ser escravizada, ou já nascia sem ela, se nascesse filha de escravo.

A conseqüência doutrinária desse fato é de grande importância: não podendo impor as exigências do corpo e da alma, o escravo era praticamente obrigado a ceder às exigências de seu espírito.

Daí nascerem as práticas mediúnicas entre os escravos no Brasil.

Numa primeira encarnação, Pai Zé Pedro e Pai João eram escravos vindos da África. Como bons missionários, foram os primeiros a sentir na carne os rigores da dolorosa experiência encarnatória.

Ao envelhecer e serem considerados pelos seus senhores como inúteis, ele, aproveitando a nostalgia natural dos seus companheiros de escravidão, criaram a prática dos “encantos”.

Esses tradicionais espíritos de grandes chefes, agora reduzidos às figuras de míseros escravos, tinham, também, pertencido a civilizações em que praticamente não se utilizara a escrita no cotidiano. As ordens eram transmitidas e recebidas pelo som, pelo comando da voz, pelas senhas secretas, pela magia vibratória. Suas memórias estavam treinadas, nesses milhares de anos, pela gravação dos fatos narrados, cantados, expressos pelo som. Quando o som não se tornava possível, a comunicação era pelo gesto, pela mímica.

E assim os escravos se comunicavam, davam vazão aos anseios de seus espíritos, pelo gesto, pela dança, pelos cânticos e pelos gemidos...

O instrumento mais simples e mais prático foi o ATABAQUE.

Pai João sentava-se num toco e tocava seu atabaque. Seu som cadenciado ia formando os MANTRAS, que se espalhavam misteriosamente nas florestas e nas almas dos homens.

E assim, lentamente, através do enredo dramático, num palco privilegiado adrede preparado, chamado Brasil, foram nascendo os chamados cultos afro-brasileiros.

Como espíritos veteranos deste planeta e integrantes da missão do Cristo Jesus, Pai João e Pai Zé Pedro eram possuidores da necessária bagagem mediúnica e iniciática que lhes facilitava a tarefa.

Embora pertencentes a fazendas distantes uma da outra, eles se transportavam e conversavam entre si. Pai João, mais habituado que Pai Zé Pedro aos reinados e comandos, era o executivo. Pai Zé Pedro, mais místico, executava a Magia.

E foram acontecendo coisas extraordinárias nas relações dos escravos com seus senhores. A História do Brasil está cheia de lances emocionantes que envolveram não só os escravos como, também, os brancos. É preciso lembrar que nem todos os espíritos a serem redimidos haviam nascido como escravos. Todos, porém, tinham uma parte no enredo, todos participavam, de uma forma ou de outra, do gigantesco drama cármico.

Enquanto isso, as práticas de Magia, os cultos misteriosos e mediúnicos, iam se desenvolvendo entre os escravos, em muitos aspectos envolvendo, também, os brancos senhores. Sob a orientação dos Mentores e a execução de espíritos missionários encarnados, surgiram as práticas religiosas miscigenadoras.

Mais tarde, Pai João e Pai Zé Pedro voltaram em novas encarnações, ainda como escravos, mas, desta vez, nascidos na Índia. A partir desse retorno as práticas foram evoluindo, agora com o lastro místico da Índia e do Tibete. Nasceu a mediunidade iniciática e, com ela, a passagem de espíritos sofredores, a redenção mediúnica.

Os cultos foram se misturando e fazendo parte de uma sociedade brasileira ainda incipiente. Na Europa, nascia o Espiritismo de Kardec e as práticas se misturavam com o catolicismo oficial.

Essa é a razão da dificuldade na separação das raízes dos cultos no Brasil. Os historiadores nunca vão encontrar uma linha pura e com sua origem determinada.

Mas, no mundo espiritual, os planos prosseguiram com naturalidade, objetivamente. Enquanto os conflitos sociais agitavam a superfície dos males da alma e do corpo, o espírito prosseguia tranqüilo nas suas tarefas de reajustes. Nesse período surgiu o episódio das Princesas de Mãe Yara.

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