A ACULTURAÇÃO DO MÉDIUM
A palavra cultura tem dois sentidos – um geral e outro particular. De modo geral, cultura é o aprendizado que uma pessoa faz no seu meio ambiente, sua maneira de viver. De modo particular, a cultura é o aprendizado de um conjunto de idéias específicas, como, por exemplo, a cultura física, a cultura filosófica, etc. Nesse sentido existe, portanto, uma cultura espírita, ou seja, o conjunto de idéias, normas, técnicas e práticas, que regem o Espiritismo.
Essa cultura, entretanto, é complexa e variável conforme a época, o lugar e o grupo. O que há de mais aproximado para uma cultura espírita é a obra de Allan Kardec e seus divulgadores. A Codificação Kardecista é ampla e preenche, perfeitamente, a mais exigente necessidade de aculturação espírita.
Mas, a própria evolução do Espiritismo e a tendência natural para o sectarismo nos leva ao conceito do Mediunismo, totalmente abrangente, pois se refere a coisas básicas do ser humano, portanto, livre de qualquer injunção. O médium, no sentido popular, é uma figura humana de dons excepcionais. O médium, no conceito do Mediunismo, é um ser humano comum, ou seja, todos os seres humanos são médiuns.
Para uma aculturação kardecista é necessário, de modo geral, haver um mínimo de escolaridade, pelo menos saber ler. É muito difícil conceber-se um grupo mediúnico kardecista sem a leitura. Já na Umbanda, a transmissão doutrinária é, predominantemente, oral, formando, com isso, uma cultura mais particularizada. Ambas, naturalmente, são reflexos de grupos sociais e obedecem às leis sociológicas. Como grupos eles têm, logicamente, certo exclusivismo que, em termos doutrinários, significa sectarismo.
No conceito amplo do Mediunismo, podemos citar, ainda, os grupos mais fechados, embora tais grupos não aceitem a mediunidade como aconselhável. O problema aí entre em termos de cultura intelectual, o que o torna mais exclusivo, etc. Falemos, portanto, em termos de “aculturação mediúnica”, que irá tornar o problema bem mais simples.
Mediunidade sendo algo natural, inerente ao ser humano, tem, logicamente, meios naturais de aprendizado. Decorre daí, que a aculturação mediúnica é apenas aculturação geral, quer dizer, as coisas do Mediunismo fazem parte do quotidiano, como comer, vestir, estudar, etc., coisas que tanto podem ser feitas por pessoas cultas como incultas.
Cabe aqui um parêntesis: a experiência da Humanidade, em termos de aculturações específicas em massa, tem sido sempre desastrosa. Basta, para isso, que se olhe o calendário das guerras e das lutas sociais para se ter uma idéia.
A oportunidade só existe para todos se a cada um for dado o pode absorver e não uma cultura padrão, geralmente mal assimilada.
Duas coisas são fundamentais no desenvolvimento do médium: a técnica da mediunização e o conhecimento sensato da vida fora da matéria.
Continua… Preparaçãodo Médium – As Correntes.
FONTE: No Limiar do Terceiro Milênio
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