“Será que tudo não passa de um sonho? Este era o conflito que vivia em minha mente, a pergunta que pairava dentro de mim...
Sem que me desse conta de mim, continuavam à minha revelia as viagens, as visitas e os incansáveis ensinamentos.
Certo dia, estava cansada e também um pouco revoltada porque ou eu estava com os espíritos ou tinha alguém me perguntando por eles. Com este espírito de cansaço, saí do corpo, isto é, me desprendi do corpo, e me vi em uma terrível caverna.
Verifiquei que me encontrava em um grande nevoeiro. Senti meu corpo leve como uma pluma e os meus movimentos não respeitavam meus esforços. De repente, uma luz brilhou sobre a minha cabeça. Olhei em torno, e pude verificar que agora me encontrava só, em meio a uma grande floresta.
Era uma noite de Lua clara no céu. Vi fragmentos de prata viva sobre as copas das árvores, que brilhavam como diamantes.
Impossível descrever a sensação que me invadia!
Parecia que todos os meus desejos se achavam satisfeitos e que me encontrava inteiramente livre do meu corpo e do seu peso e, no entanto, eu era eu!
E, assim, fui penetrando naquele interior, quando um vento frio como uma brisa envolveu o meu corpo e foi me jogando de um lado para outro, dando a sensação de estar deitada. Levantei-me com uma roupa diferente, finíssima, que não era minha.
Logo veio a confusão! As árvores, as folhas que pareciam tremer no chão, no espaço... não sei. Só sei que tudo se modificou: já estava numa mesa, ouvia vozes, reconhecia algumas palavras, como esta - AROMA DAS MATAS, que não esqueci.
Sim, vim a saber, depois, que ali estava para receber o Aroma das Matas, que era uma consagração dos Caboclos. Era uma Iniciação!”
(Tia Neiva, UESB/1959)
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