O Vale dos Reis, situado a 643 quilômetros ao sul do Cairo, na margem oeste do Nilo, no lado oposto ao da atual cidade de Karnak, é rodeado por escarpas íngremes formadas por rochas calcárias. Nelas ficavam postados guardas que, tendo uma visão privilegiada do local, o protegiam contra invasores. Os operários que construíram os túmulos viviam numa vila próxima e escondida, Deir-el-Medina, sobre uma das colinas da região. Todos os materiais necessários à construção dos túmulos vinham da capital do país, Tebas, que ficava nas proximidades.
O vale é, na realidade, um grupo de wadis, ou seja, um grupo de gargantas sinuosas e profundas cavadas por um curso de água que secou. O assim chamado Pico Tebano pode ser visto a sobranceiro dos túmulos. Seu formato de pirâmide talvez tenha sido uma das razões pelas quais os faraós escolheram esse local para suas últimas moradas. A maioria das tumbas reais está no braço leste, escondidas no topo das escarpas ou cavadas, como a tumba de Tutankhamon, no chão do vale.
O Vale dos Reis, além de ser o local onde foi descoberta a famosíssima tumba de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.), abriga o túmulo dos filhos de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.). Neste último foram achados 130 corredores e câmaras, o que o torna o maior do local e um dos maiores do mundo. Com o avançar das pesquisas, aquele número pode, talvez, chegar a 200.
São 63 os túmulos já encontrados pelos arqueólogos naquele vale, denominados de KV1 a KV63 de acordo com a ordem cronológica da descoberta. Suas paredes eram esculpidas e pintadas com magníficos murais mostrando cenas da vida cotidiana egípcia e da terra dos deuses. Nas câmaras eram armazenados tesouros: tudo que uma pessoa necessitaria para manter a vida na eternidade, de móveis a comida, estátuas, embarcações e jóias.
A grandeza destes tesouros é apenas sugerida pela sepultura relativamente modesta de Tutankhamon, cuja tumba é pequena e simples se comparada com o que devem ter sido as de outros soberanos. Não foi à toa que os faraós chamaram o vale de A Grande e Majestosa Necrópole.
Supunham os faraós que o vale seria ideal para abrigar seus corpos. Escondido num local solitário preservaria suas múmias e riquezas por toda a eternidade. Hoje, ironicamente, as tumbas, enterradas no fundo do coração da montanha, são uma das atrações turísticas mais populares do mundo.
O Vale dos Reis, parte da antiga cidade de Tebas, foi o local de sepultamento de quase todos os faraós da XVIII, da XIX e da XX dinastias que reinaram, aproximadamente, entre 1550 e 1070 a.C., um período que se convencionou chamar de Império Novo.
Durante o auge da riqueza e poderio do Egito antigo, artistas e pedreiros cavaram e decoraram quilômetros de corredores subterrâneos para a vida após a morte de dezenas de reis, suas esposas, filhos e principais ministros. A maioria das câmaras sepulcrais foi saqueada na antiguidade, muitas pelos próprios sucessores de seus proprietários, como também pelos trabalhadores que construíram as tumbas.
Após o reinado caótico de Ramsés XI (c. 1100 a 1070 a.C.), os enterros no vale cessaram abruptamente. Após sua morte, a milenar unificação do Estado egípcio se quebrou.
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