Caridade é a vontade, movida pelo amor, de buscar efetivamente o bem de outra pessoa, porque sabemos que não nos podemos sentir plenamente felizes sabendo que existem tantos irmãos totalmente infelizes.
A compaixão (*) é componente imprescindível da caridade.
Na caridade se resume a Lei do Auxílio, que, na Carta Aberta n. 5, de 21.10.77, Tia Neiva nos afirma que é a forma de poder mudar a nossa história, a nossa jornada, aliviando nosso carma, pois está intimamente ligada à energia mental, à forma de encararmos nossa missão. Quanto mais intensa seja nossa caridade, melhores condições teremos para ajudar a quem precise, dominando a inércia e o egoísmo de nossa mente pelo uso de nossa força interior.
Na verdade, pela ação da caridade, vivemos um sistema energético de trocas - dando e recebendo, cada uma com sua potencialidade na medida em que procuramos impregnar nossos atos com amor e alegria, visando o auxílio e a felicidade daqueles a quem nos propomos ajudar, sem nada pedir de retorno, pois sempre que auxiliamos, sinceramente, alguém, estamos também auxiliando a nós mesmos, adquirindo bônus-horas e, conseqüentemente, merecimento.
Temos na mediunidade a principal ferramenta para a execução da caridade. O médium desenvolvido pode entrar em uma crise de autoconfiança, geralmente desencadeada por seus obsessores, sendo acometido por hesitação e medo de fracassar, que o leva a não trabalhar regularmente, ficando muito tempo fora da Lei do Auxílio. Nesse caso, corre o risco de adoecer, porque é com seu trabalho e seus sentimentos que recebe o prana (*) e acumula os bônus (*), alimentando seu sistema nervoso, manipulando a energia gerada em seu centro coronário, que é a que mantém o equilíbrio de seus órgãos e, neutralizando a ação dos cobradores espirituais, realiza curas em seu próprio corpo.
Mateus (XXII, 34 a 40), nos relata que, respondendo a um fariseu, doutor da lei, que perguntara qual seria o maior mandamento da Lei de Moisés, Jesus disse: “Amarás ao Senhor de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o máximo e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo! Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas.” O amor ao próximo é a caridade. Não pode existir amor a Deus se não houver amor ao próximo. É certa a máxima: Fora da caridade não há salvação!
Paulo, em suas pregações, colocava a caridade acima da fé, pois a caridade está ao alcance de qualquer um, independentemente de sua condição social, de seu grau de cultura, de sua raça, ou qualquer outra característica.
Em Lucas (X, 25 a 37) encontramos a Parábola do Bom Samaritano: “Levantando-se um doutor da Lei, experimentou-o, dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?Respondeu-lhe Jesus: O que está escrito na Lei?Como a lês tu? Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de todo teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. Replicou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso e viverás! Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? Prosseguindo, Jesus disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos de salteadores que, depois de o deixarem despido e o terem espancado, foram embora, deixando-o semi morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote e, quando o viu, passou ao largo. Pouco depois, um levita, chegando ao local e o vendo, também passou de largo. Um samaritano, porém, que ia de viagem, aproximou-se do homem caído e, vendo como estava ferido, teve compaixão dele. Atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre seu animal, levou-o para uma hospedaria e tratou-o. No dia seguinte, tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e lhe disse: Trata-o, e quanto gastares a mais, na volta te pagarei. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da Lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe Jesus: Vai e faze tu o mesmo!”
Essa parábola tem grande implicação por sabermos que, naquela época, o povo de Samaria era considerado herético pelos judeus e, por isso, eram perseguidos e desprezados por estes. O sacerdote e o levita, presas do orgulho, passaram ao largo do ferido, enquanto o samaritano, pela caridade, atendeu-o e cuidou para que ficasse em um lugar onde poderia receber os cuidados de que precisava, inclusive pagando as despesas do seu tratamento.
A caridade é a soma de todas as boas qualidades de um indivíduo e da sua vontade de servir. Na Doutrina do Amanhecer, o maior objetivo é servir, dentro da Lei do Auxílio, sem pretender pagamentos ou retribuições de qualquer natureza, nem mesmo agradecimentos pelo que pudermos fazer. Nossa recompensa por nossa caridade não será neste plano, embora muitos problemas materiais serão aliviados ou cortados em decorrência de nossa atividade na Lei do Auxílio, através dos bônus que recebemos.
Saber nos aproximar de alguém que necessite auxílio, compreender suas aflições, abrir o coração, sem julgamentos ou preconceitos, e tentar ajudar, respeitando sua individualidade, fazendo com que ele perceba novos caminhos ou novas alternativas para solucionar seus problemas - essa a nossa obrigação fundamental como Jaguares.
Nas palavras de Jesus, aqueles que se dedicam à execução de seus atos de amor ao próximo, irão passar à direita de Nosso Pai, sendo reconhecidos “pelo perfume de caridade que espalham ao seu redor!”
Sempre há necessidade de ação, de vontade de servir, para fazer o bem. A inércia e a negligência muitas vezes não fazem mal, mas jamais farão o bem. A caridade é como as árvores do caminho, que não recusam sua sombra e seus frutos a quem quer que seja.
Sem julgamentos, sem ambição, sem preconceitos, o Jaguar deve fazer da caridade a resultante da união do amor, tolerância e humildade. A caridade só existe pelo amor ao próximo. Quando trabalhamos com amor, nossa força magnética animal é impregnada de amor, e alcança o espírito sofredor profundamente, resplandecendo em sua mente e em seu coração, provocando o choque energético de que precisava para se deslocar, sendo auxiliado pela Espiritualidade.
Ser caridoso não é só dar uma esmola. É procurar ajudar, efetivamente, aquele que precisa, seja no plano físico ou material, seja no plano etérico ou espiritual. Ninguém é tão pobre que não possa dar, nem tão rico que não precise receber! Até mesmo nossos desafetos devem ser tratados com tolerância e amor, segundo Ezequiel (XVIII, 23): “Não quero a morte do ímpio, mas sim que o ímpio se converta e se salve”!
Na 1a. Epístola aos Coríntios (XIII, 1 a 7 e 13), Paulo escreveu: “Se eu falar todas as línguas dos homens e dos anjos, e não tiver caridade, sou como o metal que soa ou como o sino que tine. E se eu tiver o dom de profecia e conhecer todos os mistérios e o quanto se pode saber, e se tiver toda a fé, até o ponto de transportar montes, e não tiver caridade, não sou nada! E se eu distribuir todos os meus bens em o sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado, se todavia, não tiver caridade, nada disso me aproveita. A caridade é paciente, é benigna; a caridade não é invejosa, não obra temerária nem precipitadamente, não se ensoberbece. Não é ambiciosa, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo sofre... Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três virtudes; porém, a maior delas é a caridade!”
O Dalai Lama esclareceu: "Quando você se aprofunda em sua prática espiritual e dá ênfase à sabedoria e à compaixão, aprende a reconhecer o sofrimento de outros seres sensíveis que cruzam o seu caminho e a reagir a esse sofrimento de maneira construtiva, sentindo compaixão profunda em vez de apatia ou impotência."
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