Conta Umahan:
“Eu era muito jovem quando me enclausurei neste mosteiro. Porém, antes de entrar aqui tive grandes experiências, e eis o que vi: Houve um tempo em que a Índia era o ponto principal para revelações. Vinha de muito longe curiosos, romeiros, magos e videntes e viviam por lá a espreita das oportunidades para suas alucinações. E uma destas aconteceu com a família de um lorde que veio da Inglaterra, para saber do destino de seu filho recém nascido.
O mestre que o atendeu estava de saída. Os seus companheiros já o estavam esperando na célebre porteira, para assim cada um ter designada a sua direção.
O fidalgo insistiu, e então o mestre contou, sem amor, o que via no destino do menino: disse que o filho dele teria um mau destino e deu todo o roteiro de sua vida: em tal tempo acontecerá isto, em tal tempo será assim.
O fidalgo saiu dali em desespero; o seu filho que até então era a sua alegria, passou a ser a própria sentença. Daí por diante não fez outra coisa senão sofrer, a espera dos acontecimentos, por toda a sua vida.
Porém nada aconteceu; o jovem foi feliz, casou-se e nada de mal lhe aconteceu”.
Quanto ao fidalgo seu pai, ele amargurou toda a sua vida. As suas vibrações, não preciso dizer, destruíram o impensado mestre.
Ninguém tem a intenção de magoar ninguém. Porém o pecado da palavra impensada de um mestre ou clarividente é algo muito sério.
Neiva veja sempre em sua frente um fidalgo, o homem que sofreu a consequência do seu orgulho. Porém nunca faça como o impensado mestre, nunca participe com alguém. Serás antes de tudo uma psicanalista. É bem melhor que as pessoas saiam de perto de ti te desacreditando, do que desacreditando de si mesmas. Volte para o teu corpo filha, e vá enfrentar as feras, como dizes. Porém saiba que todas são melhores que tu, elas não tem um ideal como tu, elas sofrem pelo teu incontrolável temperamento”.
Tia Neiva – minha vida, meus amores
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