Até aquele momento eu era alguém de difícil entendimento para com os outros, e para comigo mesmo, talvez a dor provocada pelo drástico desenlace na minha vida, meus tumultos não cessavam nunca, sempre me sentia como um rio, que transborda do seu leito e vai extravasando empurrando a margem, derrubando as paisagens, profetizando desavenças dúvidas e afirmando também o Espírito da Verdade. Porém derrubando por terra levando à dor pela visão transtornada.
Tudo que estava escrito, tudo que saia de mim, tinha esse tumulto errado. A minha insegurança ou falta de amor me fazia perigosa, indesejada, pelas constantes revelações trágicas que fazia sofrer, a mim, e aos outros. Essa tristeza revelava melancolia e essa coisa esquisita que se vinha comprimido dentro de minha mente atormentada, dizia, também, que já era tempo de mudar o caminho.
Resolvi então partir para o meu objetivo, sentir realmente o Canto que do céu me chegava aos ouvidos. Obedeci meu pai Seta Branca, rumei aos montes do Tibet onde ouvi o primeiro Canto Universal, do velho incansável HUMAHAN, mestre querido que no seu aposento em Lhassa me deu o que eu jamais pensei em receber: Me ensinou a viagem para estar com ele, me ensinou o sentido comum da vida fora da matéria, em suma tirou a sequela que me fazia amaldiçoar a vida obscura e dolorosa.
Era 01/01/1960.
Salve Deus
Neiva
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