Apenas tentando entender…

Desabafo Doutrinário.

 

Comecei a minha caminhada doutrinária ainda adolescente, orgulhosamente usando a indumentária de mago deste amanhecer com a conduta espelhada nos veteranos mestres dessa doutrina e também nos mais novos, porém com o mesmo espírito de ajudar o plano físico e espiritual. Éramos uma turma de jovens jaguares tentando serem doutrinadores, novos e compromissados.

 

Levantávamos para dar a cadeira aos nossos instrutores e tios do pajé.

 

Quando nosso adjunto passava, nós levantávamos pairando uma espécie de “medo”, mas tudo era respeito. Estar perto, ouvir uma palestra ou até uma estória cotidiana desses mestres nos faziam felizes e engrandecidos.

 

Lembro-me de uma ocasião em um curso de Sétimo raio que fiz com o Nestor Trino Arakém (tive oportunidades de fazer os dois últimos cursos que ele deu) um pouco antes de começar a aula, eu estava na lanchonete tomando um café. Havia muita gente no templo, e, quando percebi estava vindo em minha direção o Trino Arakém. Pegou um café, e como não havia muitos lugares vagos, sentou-se à mesa em que eu estava, um comprimento cordial, que me fez tremer, uma honra para mim, simplesmente por estar sentado na mesma mesa que o Nestor, respeito, admiração, nem sei o que senti naquele momento.

 

 Não tínhamos “lado”, tudo era para o bem da doutrina, recebíamos a escala e cumpríamos, não importava se estava de primeiro, segundo ou terceiro Orixá, não importava se ia comandar ou ficar no farol da mesa, nós queríamos trabalhar... Que turma boa... Quantas saudades em ficar admirando as fotos da Casa Grande. Sabíamos  de cor onde estava cada uma. Mas era sempre uma magia, estar ali e imaginar que  Tia Neiva morou ali, que ali saiu   grande parte dos ensinamentos que seguimos até hoje! Era mágico.

 

Ouvíamos histórias de terceiro milênio, de Peneira de Pai João, de Tanuay. Parece que nossa fé era diferente de hoje em dia, não precisávamos seguir fulano ou beltrano, precisávamos trabalhar, queríamos trabalhar, para ser pessoas melhores, ajudar para ter um mundo melhor, era essa a ideia!

 

Não quero aqui dizer que isto ou aquilo está errado, muito menos esse ou aquele está certo, mais será que dá para continuar aquela  Doutrina que aprendi? Será que os Veteranos de nossa doutrina não são mais os mesmos? 

 

Hoje,  Arcanos com menos de 5 anos de vida doutrinária, se acha no direito de questionar uma ordem de um  Trino.

 

A hierarquia ficou esquecida, abandonada, desrespeitada!

 

Hoje ninguém senta mais para ouvir uma palestra doutrinária, quando muito se reúnem para uma reunião para resolver esse ou aquele problema, só problemas. Não quero generalizar, existem muitos bons jaguares ainda, muitos, que se preocupam somente com a dor alheia, e é por esses que  procuro!

 

Estão se esquecendo de rezar!

 

Eu estou certo, fulano está errado... Preocupam-se com o cisco no olho do vizinho sem perceber a lenha do vosso...

 

Meu Deus não é Vingativo! Meus mentores também não!

Não me abandonem...

 

Vi “reis” caírem, Soberanos se exporem... Reis e soberanos desta e de outras encarnações. Vejo como na história Cismam de Irechin as forças se perdendo novamente.

 

Nosso povo está sofrendo!

 

Comandantes dessa Doutrina observem de verdade as pessoas que os cercam, quem somam e quem divide! Comandantes dessa Doutrina estão preparados para assumir o que está acontecendo?

 

Somos os mesmos jaguares de outrora, porém olho por olho e dente por dente já passou...

 

Uma das máximas que vai ficar é que pagaremos com amor tudo o que destruirmos por não sabermos amar.

 

Tenho muito a dizer ainda, nomes e histórias. Ajude quem precisa de ajuda! Se não puder construir, não destrua... Quando não tiver o que fazer, rezem...

 

Orai e Vigiai.

 

Adjunto Efanto, Mestre Guilherme Meotti