Hoje, dia 24, é o Dia Nacional do Cigano, uma data, como tantas outras, invisível no calendário.
Há mais de quatro mil anos tem-se notícia desse povo nômade, marginalizado e perseguido, que despreza o poder e vive sob o lema:
"A terra é a minha pátria, o céu o meu teto e a liberdade é a minha religião!"
Embora haja grande imprecisão sobre suas origens, a mais provável é que tenham saído da Índia, por não concordarem com a organização social das castas, tendo ido para o Líbano, onde constituíram a primeira nação cigana.
Essa hipótese é reforçada pelas semelhanças da língua romani, falada pelos ciganos, com o sânscrito, antiga língua clássica da Índia.
No Século XV já tinham grupos ciganos se movimentando por toda a Europa, e a necessidade da sobrevivência levou-os às artes da sedução e da esperteza, gerando reações negativas de populações e governantes.
Foram perseguidos e chacinados em muitas regiões. Por exemplo: na Romênia foram escravizados pelo clero e pelos proprietários de terras por quase quatro séculos.
No Século XVI, com as grandes descobertas do Novo Mundo, muitos governos degredaram os ciganos para a América, inclusive para o Brasil, trazendo para a nova colônia uma importante raiz que, no Vale do Amanhecer, se juntaria a outras, igualmente trazidas pelos escravos africanos.
O maior culto cigano é feito a Sara, a Negra, que teria sido uma escrava egípcia das Três Marias, colocada pelos judeus, juntamente com José de Arimatéia, Trófimo e Lázaro, em um barco sem remos e sem alimentos que, pelos poderes de Sara, chegou, com todos sãos, à foz do rio Petit Rhone (Pequeno Reno), na localidade de Camarga, província do Languedoc, no sul da França, onde, todos os anos, nos dias 24 e 25 de maio, são feitas homenagens a Sara, às quais acorrem ciganos de todo o planeta, e onde se faz a escolha da Rainha dos Ciganos.
Passagens marcantes na jornada do Jaguar aconteceram quando encarnaram como bandos de ciganos, na Rússia, na Europa Central e na Andaluzia. Tradições que, pelo charme (*), até hoje se fazem presentes nas nossas encarnações atuais.
Sem dúvidas, a que mais heranças nos legou foi a dos Katshimoshy, cuja história Tia Neiva nos deixou na obra “A Volta dos Ciganos (e o Efeito das Reencarnações)”, onde relata a divisão da tribo cigana, devido à morte do rei, entre os dois irmãos rivais, na Rússia.
Um grupo ficou no acampamento original, obedecendo a um novo rei, e o outro, que era composto, inclusive, por Tia Neiva e Mãe Calaça, para evitar derramamento de sangue, foi em busca de outro local nas estepes russas.
Mas este grupo foi quase que totalmente dizimado por um ataque de lobos ferozes. Mãe Calaça foi morta, mas manteve sua proteção junto a Andaluza, jovem e bela cigana, companheira do rei, com quem teve um filho, Yatan.
Dessa tribo Katshimoshy nos chegaram, além dos ciganos que trabalham como Pretos Velhos, os talismãs, protetores magnéticos de grande eficácia, e uma prece matutina que, para ser melhor aproveitada, deve ser feita ao ar livre, nas primeiras horas da manhã.
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Hoje, no mundo, eles são cerca de 11 milhões; no Brasil, 800 mil. Eles andam pelo país afora em grupos, com suas roupas coloridas. Mas, nem sempre cor é sinônimo de alegria, pois, na maioria dos casos, os ciganos não são bem recebidos aonde chegam.
Com raríssimas exceções, eles são muito pobres. Até muito recentemente, não tinham nem direito aos benefícios dos programas sociais do governo federal.
A razão para tal disparate era que eles não tinham endereço fixo. Sem endereço, não havia como eles serem incluídos. Para contemplar os ciganos, o governo promoveu uma flexibilização das regras, o que permitiu a inclusão deles entre os beneficiários dos programas sociais.
Porém, a outra inclusão, a mais complexa, ainda não ocorreu, pois esbarra no preconceito individual e na falta de informação, a mesma que faz com que as pessoas continuem a pensar que os ciganos não são pessoas do bem.
Enquanto nós continuarmos a dar-lhes as costas, eles permanecerão como seres invisíveis, até mesmo no calendário das datas comemorativas.
Crédito da imagem: fotógrafo português Antônio Pedrosa, que registrou o cotidiano de uma comunidade cigana portuguesa cuja realidade, em nada, difere da vivida pelos ciganos brasileiros.
Salve Deus!
Muito legal a forma com que foi colocada a história
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